2. A educação antirracista por meio da literatura: estratégias e práticas para a sala de aula
Érica Alessandra Fernandes Aniceto, Pollyanna Júnia Fernandes Maia Reis
Sabe-se que as relações sociais no Brasil são permeadas pelo racismo, e que ele se manifesta nos mais diversos espaços institucionais, entre eles, a escola. Historicamente, é sabido que, desde a chegada dos portugueses em terras brasileiras, o indígena e o negro foram colocados em condições de subordinação, sendo-lhes negadas condições de exercerem sua cultura, religiosidade, crenças etc. Nesse contexto, a cultura europeia foi privilegiada no Brasil, que foi colonizado por europeus. Envolto nessa cultura eurocêntrica, o ensino nas escolas brasileiras, muitas vezes, privilegia essa influência europeia, ignorando a vasta diversidade cultural que a população brasileira abarca. No entanto, é instigante problematizar que, num país onde mais da metade da população se autodeclara preta ou parda (55,9%, segundo o IBGE), certamente, aprender na escola apenas a história dos brancos europeus é, no mínimo, contraditório. A Lei 10639/03, que incluiu no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade de se trabalhar a temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, apontou a necessidade de formação dos professores para a implementação efetiva desse tema em sala de aula. Considerando que a referida lei recomenda que a abordagem da temática enfatize a importância da cultura africana para a formação da sociedade brasileira, este GT visa à promoção de uma educação antirracista, discutindo a importância da literatura negra (e brasileira) no ensino de língua materna e também à proposição de reflexões sobre as práticas antirracistas a partir de vivências em salas de aula de Ensinos Fundamental e Médio. Pretendemos, com isso, propiciar discussões que possibilitem um fluxo de recriação de novos e positivos olhares sobre a cultura afro-brasileira, apresentando a literatura como parte do processo de construção de identidade da população brasileira, além de promover a valorização da ancestralidade e das culturas afro-brasileiras. Em síntese, este GT objetiva, além de apresentar a literatura como norteador de desenvolvimento do senso crítico e a cidadania, contribuir para a desconstrução dos estereótipos presentes em discursos que circulam na sociedade. Serão aceitos trabalhos, relatos de experiência, discussões e reflexões que dialoguem com a temática proposta nesse GT: Literatura negra; Literaturas africanas; Literatura negra e ancestralidade; escrevivência, entre outros.
Palavras-chave: Lei 10639/03; Literatura negra; Educação Antirracista; Escrevivência; Ancestralidade.