3. Química Negrorreferenciada: um exercício de inovação em C&T
Anna M Canavarro Benite, Gabriela Pereira Nunes dos Santos
O objetivo desse grupo de trabalho (GT) é agrupar trabalhos produzidos por pesquisadores nas áreas de ciências e suas tecnologias em perspectiva negrorreferenciada, valorizando saberes tradicionais oriundos de contribuições culturais africanas no Brasil. Concebendo que se torna essencial a democratização dos saberes, em contraponto aos saberes monocráticos das aulas e da produção das Ciências Químicas, defendemos a existência de outros recortes da realidade que também possuem validade e sentido: o conhecimento tradicional. Este, que resulta de práticas assim como o conhecimento científico, tem premissas que os distinguem. O saber tradicional é passado, presente e futuro, transmitido e preservado pelas gerações, que não opera sobre a regra da universalidade (Menezes; Veiga, 2016). No entanto, a cultura científica que se ensina e produz nas instituições escolares é a Ciência Moderna que estabelece como norma a verdade, crítica e objetiva, independente dos sujeitos que a comunicam. Operando com unidades conceituais, é codificado, aprendido e reproduzido formalmente (Menezes; Veiga, 2016). Neste sentido, é preciso ter cuidado, pois a essa é atribuída uma leitura europeia, branca, cristã e masculina sendo comumente direcionado seu ensino e sua pesquisa ao mesmo grupo social que tem prevalência histórica na sociedade, criando estereótipos. Por isso, torna-se essencial a democratização dos saberes. Os povos tradicionais no Brasil ocupam cerca de ¼ do território e seus conhecimentos, tal como o conhecimento científico, também são racionais e investigativos e apesar de ambos procurarem entender e agir sobre o mundo possuem características distintas. Como são obras abertas, se relacionam com seus praticantes e não são dependentes de acervos estáticos (Menezes; Veiga, 2016). Considerando tais pressupostos, este GT propõe discutir o contexto dos saberes de comunidades tradicionais, compreendido aqui como atividades makers, incluindo a diversidade como proposta de inovação no ensino de ciências/ química. Centrada na ação de indivíduos negros e negras, esta proposta visa a promoção e ampliação do debate de pesquisas quem envolvam a relação com o conhecimento tradicional, valorizando-o e reconhecendo-o no âmbito científico. Esta é uma proposta para conhecer, debater e visibilizar as experiências interculturais nos currículos de ciências e suas tecnologias.
Palavras-chave: Conhecimento tradicional; Maker; Ensino de ciências; Pesquisa; Divulgação de ciências/química