4. Diálogos insubmissos para práticas de ensino nas salas de aula de línguas: encruzilhando raça, gênero, sexualidade e classe
Cristiane Maria Campelo Lopes Landulfo de Sousa, Kelly Barros Santos
Proximamente, estamos presenciando o surgimento de muitos trabalhos que se debruçam em (re)pensar a educação linguística, reconhecendo-a como um conjunto de ações que engloba diferentes dimensões que vão desde o próprio processo de ensino/aprendizagem, passando pela formação de professores, mudança de currículos, renovação de materiais didáticos, novas propostas de avaliação e certificação, discussão sobre políticas linguísticas, tendo em vista as mais diversas demandas da contemporaneidade e a(o)s sujeita(o)s implicada(o)s nesse processo. Desde a perspectiva do pós-método (KURAMAVADIVELU, 2001, 2006 e ORTALE, 2023), a Educação Linguística Intercultural SCHEYERL, D.; BARROS, K.; ESPÍRITO SANTO, 2014; MENDES 2022), as pedagogias decoloniais (SANCHES, 2002; LANDULFO e MATOS, 2021; LANDULFO 2022), a
Educação para Justiça Social, (BARROS, 2021) e até os Letramentos (FERREIRA, 2012, 2015,2021; BARCELOS, 2015), as discussões têm se ampliando e, por sua vez, esses encadeamentos acabam por demonstrar que aprender línguas(gens) não é um processo compartimentado, quadrado, asséptico e sem os atravessamentos dos(as) sujeitos que desejam falar essa ou aquela nova linguagem. Nesse sentido, entendemos que pensar uma educação para as línguas é pensar em uma educação para o mundo, para a leitura do mundo, como meio de resistência aos discursos das histórias únicas (ADICHIE, 2019) que circulam na Academia aristocrata. Desse modo, por compreendermos que as escolas e as comunidades pedem a urgência de um aprendizado de línguas que promova o desmonte de um ensino cujas ações invisibilizam corpos periféricos, ignoram a diversidade de gêneros e de sexualidade e desconsideram a classe social como um elemento político inerente a esse processo, as questões que orientam esse GT são: Como pensar em ensino e aprendizagem de línguas interseccionalizados por raça, gênero, sexualidade e classe? Como pensar na construção de repertórios linguístico considerando a corporeidade das pessoas e os contextos históricos-sócio-cultural dos aprendizes e dos falantes da línguaalvo? É possível desenvolver uma Educação Linguística mais humana, crítica e menos excludente em diferentes contextos educacionais? Como produzir material didático que seja isento de motivações hegemônicas e etnocêntricas, inserindo temáticas importantes e necessárias para o desenvolvimento do pensamento decolonial e do letramento racial crítico? Como pensar em aulas de línguas consonantes com a Lei n. 10.639/2003, que determina escolas públicas e privadas a incluírem no currículo escolar o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana? E por fim, quais são os saberes e epistemologias necessárias para uma prática pedagógica intercultural/decolonial e emancipatória diante de um sistema/mundo colonial/capitalista/patriarcal/sexista/misógino/racista e transfóbico?
Palavras-chave: Educação Linguística; Justiça social; Interseccionalidade; Decolonialidade; Letramentos.