6. Literatura, Memória e identidade cultural: o pensamento decolonial nas literaturas africanas de língua portuguesa, afro-brasileiras e indígenas
Ana Claudia Servilha Martins Poleto, Adriana Lins Precioso
O presente simpósio visa reunir pesquisas relativas às literaturas africanas de língua portuguesa, afro-brasileiras e indígenas no que tange os conceitos sobre memória, identidade cultural e pensamento decolonial no campo literário. Considerando a perspectiva crítica de Benjamin Abdala Jr. (2002) é imprescindível dar significação “a um grupo ou território, que luta pelo direito à diferença". Nessa perspectiva, questões de identidade, cultura e memória se inter-relacionam e perpassam obras de intelectuais das letras que buscam o caminho possível de legitimações e representações pela ficção. Em consonância com o pensamento de Edward Said (2003, p. 251), muitos escritores contemporâneos “funcionam como uma espécie de memória pública: lembram o que foi esquecido ou ignorado, fazem conexões, contextualizam e questionam aquilo que aparece como “verdade" definitiva". Na contemporaneidade, diversas são as identidades culturais que questionam discursos que ainda priorizam histórias únicas. As ações coletivas de diversos corpos historicamente subalternizados sempre foram fundamentais para o exercício de ressignificação do direito a ter direito, sempre foram fundamentais para os ideais que debatem os meandros das relações entre colonizador e colonizado, cultura e Afrolatinoamericanos y del Caribe imperialismo, memória e identidade. Os estudos de Antonio Candido (2008), Ana Mafalda Leite (2010), Aníbal Quijano (1996), Benedita Damasceno (1998), Benjamin Abdala Jr. (2002), Conceição Evaristo (2008), Cuti (2010), Djamila Ribeiro (2017), Eduardo de Assis Duarte (2007), Edward Said (1995), Frantz Fanon (2007), Homi Bhabha (1998), Maria Nazareth Soares Fonseca (2014), Stuart Hall (2005) entre outros teórico-críticos contribuem para as abordagens propostas. Priorizamos, portanto, trabalhos que se centram em títulos e autores/as que, de algum modo, contemplam as políticas de ações afirmativas (as Leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008), através das quais debates voltados para a história e a cultura africana, afro-brasileira e indígena passaram a ser obrigatórios na educação básica brasileira. Partindo desses pressupostos, pretendemos visibilizar diálogos sobre escritas que trazem à cena protagonistas negros/as e indígenas, bem como evidenciar as produções que as tematizam, em intersecção com a formação de uma sociedade pautada em práticas decoloniais, humanizadas e emancipatórias.
Palavras-chave: Literaturas Africanas de Língua Portuguesa; Literaturas Afro-brasileiras; Literaturas Indígenas; Memória; Identidade Cultural.