8. Matemática, Etnomatemática e suas Interseccionalidades na Educação numa Perspectiva Decolonial
Elenice de Souza Lodron Zuin, Eliane Costa Santos
Desde a dita abolição, as lutas e ações de movimentos sociais demarcam a defesa da educação da população negra de forma a integrá-la na sociedade. Entre as muitas realizações, relativas à imprensa, podem ser citados: Jornais, com publicações a partir dos Oitocentos; Revistas (Senzala, Níger); Clubes negros e o grande marco, que é o TEN – Teatro Experimental do Negro – criado em 1944, por Abdias do Nascimento. Destacase a fundação do MNU – Movimento Negro Unificado – em 1978, integrando novas discussões e diretrizes que vão desencadear demandas e debates no cenário nacional, proclamando novas políticas e transformações nas esferas econômica, social e cultural. Portanto, nosso princípio básico se funda em pensar a Decolonialidade não como parte apenas dos decoloniais da modernidade, mas de Aimé Césaire, em “O discurso sobre o colonialismo"; Frantz Fanon, a partir de “Condenados da Terra", de Paulo Freire, em suas “Cartas a Guiné Bissau", fazendo eco com os estudos decoloniais da atualidade. Esse GT tem a preocupação de trazer para o debate pesquisas que versem sobre a Educação Decolonial (Santos, 2018), estudos em diálogo com o princípio básico da Etnomatemática (D'Ambrósio, 2001, 2019), nas “matemas" que não estão vinculadas, só e unicamente, com a matemática, mas, sim, com os diversos problemas, questões imbricadas na cultural local projetados no Glocal (Macedo, 2018). Faz-se necessário também discutir e apontar caminhos para o estabelecimento de currículos escolares na vertente de uma perspectiva decolonial. Neste sentido, os trabalhos (relatos de experiência e pesquisas concluídas ou em andamento com resultados parciais) podem conter: a) abordagens relativas às mudanças curriculares que procuram romper com a tradição eurocêntrica enraizada nas escolas; b) discussões sobre as leis 10.639/2003 e 11.645/2008; c) explanações concernentes ao letramento matemático e iniciativas no campo da matemática escolar que tenham um viés pela Etnomatemática; d) perspectivas históricas da matemática escolar ou de cursos de licenciatura de Matemática e/ou formação continuada com concepções curriculares monoculturais e eurocentradas ou propostas e ações no viés decolonial; e) análises de livros didáticos e paradidáticos relativos à matemática; f) resgate de saberes e fazeres matemáticos de comunidades específicas, experiências em contextos particulares; enfim, investigações que apontem e veiculem propostas e recursos para superar a colonidade no meio escolar, relativos aos diversos grupos étnicos africanos, afro-brasileiros. Os trabalhos podem apresentar estudos não apenas inerentes ao Brasil, mas, também, investigações no âmbito dos demais países do continente americano e da África.
Palavras-chave: Matemática; Etnomatemática; Decolonidade; Leis 10639/2003 e 11645/2008; Interseccionalidade.