12. Epistemologias afrodiaspóricas: articulações entre discurso e afroperspectividade
Litiane Barbosa Macedo, Gersiney Pablo Santos
Pode-se defender que, com uma tradição na ciência linguística de mais de quatro décadas, as visões funcionalistas sobre a força da linguagem para a compreensão das práticas sociais e as relações de poder que as constituem consolidam os Estudos Críticos do Discurso (ECD) como uma das áreas mais desafiadoras do conhecimento humano. Nos últimos anos, o profícuo diálogo dos ECD com os estudos decoloniais (REGIS & RESENDE, 2017) tem permitido que vozes dissonantes venham, cada vez mais, imprimindo um lugar de análise particular e necessário: o de realidades únicas discutidas a partir do protagonismo de quem fundamentalmente as experienciam – especialmente, no que toca à questão das existências negras. Por esta razão, o exercício de reflexão teórico-metodológico proposto pela Afroperspectividade (NOGUEIRA, 2014; 2017) – que encoraja buscar possibilidades outras de explicar e compreender o mundo, pautado a partir de saberes e perspectivas afrodiaspóricas e indígenas da América Latina (e sobretudo o Brasil) e, por sua vez, trazem a tona o problema da universalidade do conhecimento hegemônico – se torna tão necessário. Com este Grupo de Trabalho, propomos uma provocação ontológico-epistemológica focada nas temáticas de raça – epistemologias afrodiaspóricas – e discurso. Neste sentido, buscamos promover o diálogo entre trabalhos que objetivem compreender a relação entre discurso e raça, bem como propor (re)formulações teóricas e metodológicas que visam propostas de descolonização do campo teórico discursivo. Isto porque, para que haja erradicação do racismo epistêmico, entendemos que é relevante não apenas denunciá-lo, mas sim exaltar perspectivas desconhecidas a fim de enriquecer os trabalhos tanto nos estudos críticos discursivos, como em outras áreas de conhecimento. Assim, pensamos promover um espaço para a discussão horizontalizada acerca do atual lugar dos estudos discursivos e a efetividade de seus projetos transformacionais concernentes às existências negras em diáspora. Para tanto, aproximaremos os ECD da Afroperspectividade (NOGUEIRA, 2020) e da Aquilombagem Crítica (SANTOS, 2019; 2022; 2023), a fim de desvelar armadilhas discursivas naturalizadas, bem como mapear possíveis estratégias para a organização de uma área de desenvolvimento afroepistemológico de pujantes protagonismo e Consciência (BIKO, 1990).
Palavras-chave: Estudos Críticos do Discurso; Aquilombagem Crítica; Epistemologias Afrodiaspóricas; Discurso; Consciência Negra.