15. Poéticas da memória e das existências: literatura negro-brasileira como narrativa contracolonial
José Humberto Rodrigues dos Anjos, Jesuíno Arvelino Pinto
Este Grupo de Trabalho objetiva reunir pesquisas que tenham como ponto de partida a literatura negro-brasileira (CUTE, 2010) como forma de perpetuação e representação da memória e do enfrentamento aos sistemas de dominação contra o povo africano e afrobrasileiro. Recebe, portanto, estudos que investiguem as múltiplas formas de escrita, sejam elas em prosa, poesia, ou drama e que captem as formas de resistência e vida do povo negro no Brasil e no mundo. Silenciados durante um longo período, os negros tiveram sua história relegada aos processos de colonização, sendo esta narrada em boa parte pela ótica do forasteiro, que ora o estereotipou, ora o diminuiu (ADICHIE, 2009). De acordo com a ideia de Antônio Bispo dos Santos (2015) de que é preciso estabelecer um processo de contracolonização a esse sistema de voz hegemônica, esse GT busca estudos capazes de refletir o povo negro como protagonista de sua história, e conhecer as formas estéticas utilizadas para manter suas memórias, existências e resistências representadas por meio da literatura. Evoca, portanto, os ideais de que é preciso falar e romper com a máscara (KILOMBA, 2010) que cala o povo negro perpetuando suas formas de existir e ocupar o mundo do qual fazem parte. Na esteira desse processo, os estudos aqui propostos devem refletir sobre a resistência como parte da vida das pessoas, e por isso, constituída como bem simbólico presente em suas formas de escrever e representar através da arte. Resistir é inerente às nossas vontades, e de um jeito, ou de outro resistimos a nosso modo, às intempéries da vida. Deste modo a escrita é vista como uma forma de demarcar a existência, mas também de resistir aos eventos de silenciamento, exclusão social, religiosa e de gênero, descritores pouco compreendidos nas relações políticas atuais. Neste sentido é preciso romper com as dominações epistemológicas do colonialismo dinamizando as formas de conhecimento e abrindo espaços para uma ecologia dos saberes, que dê voz aos povos e reconheça a literatura como forma de reivindicação pelo direito de existir plenamente, e como uma condição da diversidade do mundo (RUFINO, 2021).
Palavras-chave: Literatura negro-brasileira; Memória; Existência; Resistência.