É de comum acordo a máxima de que os sujeitos se constituem e são constituídos na e pela linguagem. Dito de outro modo, não há nada fora da linguagem. Assim, a realidade que nos é apresentada, é resultado do que está dito, ou melhor, dos discursos que Afrolatinoamericanos y del Caribe vinculam socialmente e insistem em naturalizar determinados dizeres, como se língua e sentidos fossem colados. Ou seja, estamos compreendendo o conceito de língua enquanto fenômeno em funcionamento, com autonomia relativa e passível de falhas. Diante desta perspectiva, é preciso pontuar que aliado ao verbal, o não verbal também demanda um olhar criterioso do analista do discurso. Para além do objeto puramente linguístico, “o corpo e seus atributos constituem o suporte e a sede material de qualquer processo de construção da identidade" (Munanga, 2019). Desta maneira, o questionamento que se levanta é: como o corpo negro, investido num campo político, produz efeitos de sentidos a depender de uma ordem do discurso e do olhar que se dirige a ele? Assim, o presente Simpósio Temático tem como proposta, refletir questões direcionadas à negritude e corpo, enquanto gestos políticos e de ressignificação. Em outras palavras, Kabengele Munanga (2019, 24) nos persuade a refletir sobre o caminho para "reassumir a negritude [...] não apenas no sentido de uma continuidade, mas também no sentido de uma operação de decodificação/recodificação e reinterpretação no universo da diáspora africana". Com efeito, segundo Michel Foucault (1977, p. 28): "o corpo também está diretamente mergulhado num campo político; as relações de poder têm alcance imediato sobre eles; elas o investem, o marcam, o dirigem, o supliciam, sujeitamno a trabalhos, obrigam-no a cerimônias, exigem-lhe sinais". Deste modo, buscamos reunir pesquisas voltadas à temática que problematizem, de acordo com as orientações teóricas da Análise de Discurso, relacionadas aos discursos de racialização do corpo negro e, principalmente, como este corpo é ressignificado e se constitui como efeito do e no político.