37. Saúde mental e as interseccionalidades em relações étnico-raciais, gêneros e sexualidades na atenção psicossocial
Ana Paula Procopio da Silva, Marco José de Oliveira Duarte
O GT tem como proposta constituir um espaço de (re)conhecimento, espanto e debate crítico sobre as interseccionalidades em relações étnico-raciais, gêneros e sexualidades que configuram racismo, sexismo e lgbtqiapn+fobia como determinantes do sofrimento psíquico, considerando como processos disparadores das reflexões: racismo estrutural, branquitude, formação social e a produção de subjetividade; práticas sociais do biopoder, atenção psicossocial e o cuidado em saúde mental. A perspectiva em tela é norteada também pelo reconhecimento de que as violências materializadas em racismo, sexismo e lgbtqiapn+fobia afetam as pessoas que acessam os serviços de saúde como usuárias e as trabalhadoras/es cujos corpos carregam dimensões de vida que são vivenciadas como desigualdades e condições de exploração e opressão. Uma direção de análise que aponta a urgência da incorporação das dimensões étnico-raciais, de gêneros e sexualidades como conteúdo subjetivo preponderante nos processos de trabalho na atenção psicossocial e a construção do antirracismo, do antissexismo e da anti-lgbtquiapn+fobia institucionais como estratégicos para o enfrentamento da ofensiva conservadora atualmente em curso contra a política de saúde mental pública e antimanicomial. A base teórico-metodológica adotada tem a interseccionalidade como teoria social crítica, nos termos de Patricia Hill Collins, como um fundamento, o que informa a centralidade do racismo estrutural a partir das mediações entre a formação sócio-histórica estruturada em 388 anos de escravidão e num pós-abolição inconcluso e a produção das subjetividades social-singulares que organizam as práticas sociais dos diversos e desiguais segmentos sociais, bem como das Instituições em que circulam. Assim, em que pese o caráter progressista da Reforma psiquiátrica brasileira e da Luta antimanicomial, a ambiguidade do racismo no país constituída pelo mito da democracia racial é um mecanismo da negação que atua para encobrir no inconsciente institucional os inconfessáveis pensamentos e sentimentos não somente racistas, mas sexistas, homofóbicos e transfóbicos, que ao barrarem no cotidiano a incorporação do enfrentamento às opressões como uma prática de saúde, mostra sempre muito mais do que oculta. Assim convocamos para este GT grupos e sujeites que apostam na diversidade de saberes (antropologia, sociologia, filosofia, psicanálise, psicologia, psiquiatria, história etc.) e experiências no campo da Saúde Mental e da Atenção Psicossocial e com disposição para compartilhar ideias, conceitos, pesquisas, estratégias, inovações metodológicas e relatos de práticas, enfim que almejem a radicalização do cuidado em saúde mental na direção antimanicomial, antirracista, antipatriarcal, antiproibicionista, decolonial e emancipatória.
Palavras-chave: Gênero; Interseccionalidades; Relações étnico-raciais; Saúde mental; Sexualidades.