AINALC novembro 2024
Ações afirmativas em nível global: debates, perspectivas e desafios
Conversa com participação especial do
A reunião centrou-se na importância das ações afirmativas e das políticas de inclusão no Brasil, na América Latina e na Índia, com discussões sobre as complexidades dos sistemas étnicos e de castas, a necessidade de um sistema educacional mais inclusivo e os desafios que enfrentam nas comunidades marginalizadas. Os participantes também discutiram o conceito de ação afirmativa na Colômbia, a necessidade de uma mudança no pensamento e na produção de conhecimento para combater o racismo e a importância de construir uma aliança e transformar mentes para a descolonização da mente.
Ações Afirmativas e Políticas de Inclusão
Dr. Santiago Arboleda, Presidente da AINALC Santiago abre o diálogo e apresenta o convidado especial Professor José Carvaho. Propõe também a organização de um diálogo entre acadêmicos latino-americanos e indianos sobre políticas de ação afirmativa.
O professor Carvaho discutiu a importância das ações afirmativas e das políticas de inclusão no Brasil e na América Latina, traçando paralelos com o sistema de cotas da Índia. Ele destacou o trabalho de Ambedkar, o arquiteto da Constituição da Índia, e os desafios enfrentados pelos Dalits na Índia. José também mencionou a luta contínua pela representação no Parlamento Indiano e a necessidade de salvaguardas contra o racismo. Enfatizou a necessidade de uma abordagem holística à inclusão, combinando a inclusão racial e étnica com a inclusão epistémica. A conversa continuou com uma discussão sobre o legado de Mahatma Gandhi e sua opinião sobre as cotas.
Descolonizar o conhecimento e a mudança geopolítica
O Professor Carvaho discute as complexidades dos sistemas étnicos e de castas da Índia e da África do Sul, destacando a necessidade de acção afirmativa para resolver estas questões. Refere-se também à necessidade de investigar e recolher dados comparativos sobre os sistemas de acção afirmativa nesses quatro países: Brasil, Índia, África do Sul e Malásia.
O Lic. Adán Pineda discutiu a necessidade de uma mudança no pensamento e na produção de conhecimento para combater a epidemia de racismo. Santiago destacou a importância de reformular o paradigma do conhecimento em direção a uma ciência consciente, incluindo soluções tecnológicas e soluções científicas. O grupo também discutiu a necessidade de gestão do conhecimento geopolítico, particularmente em relação aos países BRICS. José destacou a importância de construir uma aliança e transformar mentes para descolonizar a mente. O grupo também discutiu a necessidade de mudança no centro do mundo, com as bandeiras dos países coloniais no centro, e a necessidade de focar na descolonização. A importância da sensibilização e da participação em África também foi discutida, especialmente no que diz respeito aos BRICS e à China.
Aplicação de cotas epistêmicas nas universidades
Foi discutido o conceito de cotas epistêmicas, que ele acredita que deveria ser implementado nas universidades para garantir a representação diversificada do conhecimento. Ele sugeriu que essas cotas deveriam ser baseadas na diversidade epistêmica da região, com mais conhecimento afrocêntrico no Sudeste e mais conhecimento indígena no Nordeste. O professor Carvaho também destacou a importância das ações afirmativas e a necessidade de cotas no financiamento da pesquisa. Referiu-se à necessidade de um modelo que garanta a presença do conhecimento ocidental, afro e indígena nas universidades. A conversa terminou com uma discussão sobre a necessidade de cotas no financiamento da investigação, com ênfase na representação regional e de género.
Racismo, casta e ação afirmativa
O professor Carvaho analisou as diferenças entre o racismo étnico e o racismo de casta, usando a Índia como exemplo. Explicou que os sistemas baseados em castas, como o da Índia, baseiam-se nas taxas de natalidade e na hierarquia social, enquanto os sistemas étnicos têm mais a ver com diferenças culturais. José também falou sobre os desafios que a comunidade afro-americana enfrenta, particularmente em relação à ação afirmativa e às cotas. Ele mencionou que os Estados Unidos têm uma fraqueza numérica em relação ao Brasil, que tem uma população maior de grupos marginalizados. Jorge perguntou sobre a situação na Colômbia e explicou que embora a Lei 70 tenha sido um avanço, não foi suficiente e a situação permaneceu fragmentada. Ele também partilhou as suas experiências com a comunidade Dalit na Índia, destacando a sua mobilidade ascendente e os desafios que ainda enfrentam. Ele sugeriu que um sistema de preferências poderia ser uma estratégia para resolver estas questões.
Mudança geopolítica: descolonizando o conhecimento
No encontro, Adán Pineda discutiu a necessidade de uma mudança de pensamento e de produção de conhecimento para combater a epidemia de racismo. Santiago destacou a importância de reformular o paradigma do conhecimento em direção a uma ciência consciente, incluindo soluções tecnológicas e soluções científicas. O grupo também discutiu a necessidade de gestão do conhecimento geopolítico, particularmente em relação aos países BRICS. José destacou a importância de construir uma aliança e transformar mentes para descolonizar a mente. O grupo também discutiu a necessidade de mudança no centro do mundo, com as bandeiras dos países coloniais no centro, e a necessidade de focar na descolonização. A discussão terminou com uma discussão sobre a importância de aumentar a sensibilização e o envolvimento em África, especialmente no que se refere aos BRICS e à China.
Ação Afirmativa nos Desafios da Colômbia
No encontro foram discutidos os desafios e oportunidades relacionados às ações afirmativas na Colômbia. Os participantes destacaram a contradição entre a lei de ação afirmativa do governo colombiano e a constituição do país, que garante o direito à identidade cultural. Também discutiram a falta de dados sobre a comunidade negra na Colômbia, o que tem dificultado a implementação de políticas de ação afirmativa. A conversa terminou com uma discussão sobre o potencial de aliança entre comunidades indígenas e afrodescendentes, apesar das suas diferenças. Os participantes também expressaram preocupação sobre a orientação política da abordagem do Governo à acção afirmativa.