A I N A L C
  Associação de Investigadores/as Afrolatinoamericanos/as e do Caribe
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Colóquio preparatório do Primeiro Congresso da AINALC

P R O G R A M A   D E   A T I V I D A D E S


Objetivos


Palestra de Abertura: Fora da Casa do Mestre.



Dr. Jorge Garcia

Linhas ou eixos de trabalho do Colóquio. 

1.      Educação para as relações étnico-raciais

Esta linha pretende analisar a implementação de políticas e ações afirmativas e antirracistas em instituições educacionais, sobretudo públicas e de ensino superior e busca, como diretriz de orientação politica e teórica, congregar e colocar em circulação a centralidade da questão racial, o papel e a inserção social das instituições de ensino e o significado do saber e do conhecimento, para as relações étnico-raciais. Visa oportunizar a reflexão crítica sobre o tema e as alternativas e ações para a construção de sociedades antirracistas fundadas na igualdade e na equidade e tem dentre seus objetivos, identificar, analisar, comparar e avaliar políticas, ações, normas, recursos, processos, impactos e resultados institucionais e sociais relacionados a temáticas como: universidade, políticas e ações afirmativas; racismo Institucional; acesso e permanência de negros/as na educação superior; currículo e diversidade étnico-racial; etnoepistemologia, ciência e conhecimento; formação de professores para relações étnico-raciais. O debate da linha se justifica pela tradição e amplitude de pesquisas na área, pelas demandas sociais por dados, reflexões e análises sobre a temática e pelos desafios da conjuntura sobre resistência aos retrocessos e luta por avanços em direção a melhorias, ampliações e atendimento a novas demandas.

Coordenadores/as:
Prof. Dra. María José de Jesús Alves Cordeiro UEMS
Prof. Dr. Reinaldo dos Santos -UFGD.


2.            Filosofia e epistemologias africanas

Este eixo reúne pesquisas dedicadas ao estudo das filosofias e epistemologias africanas a partir de uma perspectiva crítica contra as epistemologias do Norte/Oeste que, a partir do eurocentrismo e do colonialismo, estruturam formas de violência epistêmica como o capitalismo, o ocidentalismo, o racismo, o sexismo e o patriarcado. Nessa perspectiva crítica, busca estudos que focalizem a presença/ausência da negritude e africanidade, seja como sujeito histórico e ator no campo científico, seja na forma de questões relacionadas à negritude, africanidade e racismo. Pretende-se também elucidar o lugar das epistemologias e filosofias que tratam da negritude e do racismo na produção do conhecimento científico na América Latina e no Caribe, bem como aquelas que propõem outras formas de construção do conhecimento. Palavras-chave: epistemologias africanas, filosofias africanas, negritude, africanidade, raça, intelectuais negros/as.

Coordenadores/as:
Prof. Dr. Banjamín Xavier
Profa. Dra. Anny Ocoró Loango


3.                  Afrodescendentes no meio acadêmico: redes, articulações, tensões e desafios no século XXI.

O século XX latino-americano evidenciou uma presença considerável de intelectuais afrodescendentes. A grande maioria deles realizou suas carreiras fora dos centros acadêmicos. O século XXI conta com uma crescente presença de acadêmicos/as negros/as/afrodescendentes que, superando barreiras econômicas e sociais, conseguiram concluir estudos e se articular a centros de pesquisa, universidades, redes e espaços de discussão cujas pesquisas são realizadas a partir de espaços institucionais. O objetivo deste eixo é refletir sobre o papel dos afrodescendentes no mundo acadêmico. Surgem algumas questões que norteiam esse debate. Existe uma academia negra/afrodescendente na América Latina? Quais seriam suas características? Quais são suas contribuições para os debates acadêmicos? Que tipo de articulações nacionais e internacionais são construídas? Que relação se estabelece com as comunidades e os movimentos sociais? Quais são suas articulações e tensões com a academia hegemônica? Quais são os desafios desta academia no século XXI?

Coordenadores/as:
Prof. Mons. José Antonio Caicedo (Unicauca)
Profa. Mérida Doussou (IFD)


4.             Raça, etnicidade, gênero, corpos e sexualidades

Nas últimas décadas o crescente interesse acadêmico-político em torno das noções de raça, etnicidade, corpo, gênero e sexualidade, em suas implicações mútuas, tem se apresentado como latente demanda nos estudos e pesquisas no campo das Ciências Humanas e Sociais na América Latina e Caribe. Afinado a este  movimento, que busca as intersecções entre esses marcadores sociais da diferença, pretende-se, neste GT, reunir reflexões teóricas e empíricas de pesquisas orientadas à investigação dos aspectos históricos, sociais, políticos, econômicos e epistêmicos destas temáticas. Interessa, portanto, a compreensão dos dispositivos e das estruturas de poder, que legitimam as desigualdades sociais e as hierarquias dos corpos e das sexualidades racializadas na contemporaneidade.

Coordenadores/as:
Prof. Marcos de Jesus Oliveira (UNILA)
Profa. Clara Luísa Martins Brandão, (UBA)


5.              Feminismos negros e interseccionalidades

Esta sessão temática intenciona receber pesquisas e relatos de experiências derivados de trabalhos alicerçados na compreensão, proposição e denúncia das diversas opressões de raça, gênero e classe que interseccionalizadas afetam as mulheres cis e trans afro-latinas, afro-caribenhas e da diáspora negra. Serão bem-vindas as reflexões a respeito dos espaços de desigualdades, violências, invisibilidade, subalternidade e exclusões ainda ocupados e/ou impostos as mulheres. Assim, como, as lutas empreendidas pelos coletivos e movimentos feministas negros que buscam a promoção da igualdade racial e de gênero, garantias de acesso aos direitos sexuais e  reprodutivos, à seguridade, à  educação e a vida digna. E, sobre como são gestados e implementados os  tensionamentos contra os racismos estrutural e institucional que dificultam e/ou impossibilitam a ocupação, por estas mulheres a espaços de poder e decisão. Interessa-nos também os estudos desenvolvidos à luz da epistemologia  mulherismo africana, que por um lado questionam as categorias de gênero como universais e atemporais, como princípio organizador de todas as sociedades, bem como a subordinação universal das mulheres, e por outro, apresentam categorias de análises especificas para condições que afetam as mulheres negras não ocidentais.

Coordenadores/as:
Profa. Dra. Cíntia Santos Diallo (UEMS)
Profa. Dra. Maria de Lourdes dos Santos (UFGD)


6.                Estudos linguísticos

Este eixo centra-se na investigação nas diferentes áreas dos estudos da linguagem. Aqui se valoriza a interseccionalidade da referida pesquisa com outras áreas do conhecimento. Além disso, fenômenos sociais (diáspora, questões étnico-raciais, racismo, direitos humanos e questões contemporâneas) analisados ​​pela lente da linguagem e em diversos contextos também são bem-vindos nesse eixo.

Coordenadora Profa. Dra. Glenda Melo


7.             Arte, literatura e cultura afrodiaspórica.

Neste Eixo, pretende-se produzir reflexões a respeito do papel transformador da Arte, da Literatura e da Cultura Afrodiaspórica, seja no âmbito das sociedades, das culturas ou da academia. Para tal, exploraremos as ideias de tradição, memória, patrimônio, invenção e apropriação na produção artística, literária e cultural. O antirracismo e o decolonialismo serão pilares para o que propomos aqui.  Espera-se que este eixo possibilite o compartilhamento de experiências e, principalmente, produção de conhecimento qualificado.

Coordenadores: Prof. Dr. Roberto Borgés y Profa. Dra Rosa Campoalegre


8              Crianças e Jovens Negros/as/Afrodescendentes

Esta linha de pesquisa visa visibilizar as ações, demandas, conquistas e desafios de crianças e jovens negros/as afrodescendentes, buscando compreender, a partir de uma perspectiva histórica e contemporânea, suas contribuições para a construção das nações, bem como suas ações nos movimentos sociais da améfrica ladina. Ao mesmo tempo, destaca o contexto das atuais mobilizações e lutas, em diversos países da região, buscando discutir as conquistas, avanços e desafios que os Estados e a sociedade em geral têm com as crianças e jovens afrodescendentes. Por fim, pretende discutir quais estratégias são pertinentes para capitalizar “esses momentos de efervescência e calor” em favor de crianças e jovenes negros/as afrodescendentes marginalizados/as e invisibilizados/as pelos estados e políticas públicas latino-americanas?

Coordenadores:
Profa. Dra. Martha Mosquera Urrutia, -CIECE- Universidad Surcolombiana
Profa Dra. María Isabel Mena García –África en la Escuela-
Profa. Dra. Ladys Jiménez Torres, -CIECE- Universidad Surcolombiana


9.                  Interculturalidade e Etnoeducação.

 

Esta linha de pesquisa desenvolve desafios urgentes em termos de contenção, resistência e geração de intelectuais como projetos de povos negros para enfrentar o sistema colonial contemporâneo. Etnoeducação e interculturalidade não significam a mesma coisa, mas são conceitos complementares que remeten a duas perspectivas: educação dentro de casa e educação fora de casa. No caso colombiano, o conceito "casa dentro" está associado aos processos de sua própria educação, enquanto “casa fora” refere-se às contribuições epistêmicas, culturais e políticas que a população negra oferece ao país, no âmbito da Cátedra de Afro-Estudos colombianos, para favorecer as relações interculturais com as quais se pretende dissuadir o discurso racista. De qualquer forma, a pergunta fundamental que fazemos nesta linha para gerar o debate acadêmico com nossos irmãos latino-americanos e caribenhos é: qual é o sentido da educação nos contextos culturais e territoriais das comunidades negras, levando em conta suas mágoas coloniais e a reprodução permanente deste modelo de Estado nos tempos atuais?

Coordenadores:
Prof. Dr. Jorge García, Universidade de Cauca
Doutorando Arbey Bustamente, Universidade de San Buenaventura


10.              Ensino Superior e Ações Afirmativas

Diante das desigualdades existentes no Brasil e em diferentes países da América Latina em todos os aspectos sociais que atingem sobretudo os grupos populacionais mais vulneráveis como os povos indígenas e as populações afrodescendentes, as políticas públicas são fundamentais na busca de sociedades menos desiguais. Nessa perspectiva Ações Afirmativas, mais especificamente as políticas conhecidas como “cotas, reserva de vagas ou vagas suplementares” foram adotadas em algumas instituições do Ensino Superior no Brasil e em diferentes países da América Latina, para garantir o acesso a esse nível de ensino. Entretanto, as ações afirmativas pressupõem não apenas o ingresso no ensino superior, mas também o apoio necessário para que os estudantes tenham as condições necessárias para percorrer a trajetória do Ensino Superior com êxito até a conclusão do curso. É nesse sentido que esse Eixo temático pretende discutir as reais condições do acesso e da permanência no Ensino Superior dos grupos populacionais alvo dessas políticas públicas. 

Coordenadores:
Profa. Dra. María Nilza da Silva
Prof. Dr.
Paulo Vinicius y Prof. Dr. John Antón Sánchez).


11              Saberes, saberes ancestrais, religiosidades e comunidades tradicionais

O saber ancestral dos povos negros da América Latina e do Caribe corresponde a um sistema de pensamento com profundas raízes africanas que foi negado e racializado nos currículos nacionais de nossos países. Resgatar os saberes ancestrais, populares e tradicionais de nossos povos não é apenas o interesse de enriquecer o diálogo científico sobre a relação entre o ser humano e a natureza, mas também para ressignificar e reconfigurar o projeto político e epistêmico que fundamenta as práticas de vida, discursos sociais e espiritualidades. É claro que também é urgente fortalecer o caráter relacional do pensamento afro que defende a vida humana e não humana. Dessa forma, o saber ancestral dos povos negros, que se enquadra no conceito de territorialidade, é um compromisso ambiental dos deserdados da história para todo o planeta. Nessa direção, os saberes ancestrais têm permitido a construção de um pensamento baseado na experiência dos idosos, na participação da comunidade e na diversidade de cenários de aprendizagem. Portanto, não devem ser consideradas meras expressões artísticas, que se manifestam por meio de músicas, histórias, narrações etc. São suas próprias construções epistêmicas com as quais as sociedades afrodiaspóricas contribuíram para o pensamento entrelaçado e complexo da humanidade.

Coordenadores:
Prof. Dr. Jorge García
Doctorando Adan Pineda


12.              Ecogenoetnocídio, poética da vida e reparações históricas afrodescendentes nas Américas.

Esta mesa busca discutir e fornecer ideias sobre a cartografia da contínua destruição de territórios, sociedades, economias e culturas afrodescendentes nas Américas, com ênfase na América Latina e no Caribe. Ou seja, explicar o ecogenoetnocídio, como um padrão necropolítico colonial global, reeditado em toda a sua crueldade nas últimas três décadas da doutrina multicultural neoliberal, exacerbada pela pandemia de covid-19, que aprofundou as desigualdades e o déficit de justiça social. Essa lógica de eliminação sistemática opera simultaneamente pela exaltação daquelas culturas mercantilizadas pelas indústrias culturais e pela patrimonialização, em festivais, feiras, exposições; enquanto lhes são negados seus direitos humanos, cidadãos e coletivos, a reparações abrangentes e, finalmente, à justiça histórica como vítimas, perpetuando o sofrimento e a dor históricas. Tudo como facetas da eficácia mimética da globalização que esconde o racismo estrutural doutrinário da supremacia branca; sob dispositivos retóricos de democracia, equidade e paz; desvelada, entre outros recursos, por uma poesia cotidiana que se expressa no imaginário afrodescendente e na criatividade individual e coletiva, por meio das artes e reinvenções sociopolíticas que enfatizam a centralidade da vida comunitária rural e urbana, para além do antropocentrismo capitalista. Nesse sentido, buscamos sugerir respostas para as seguintes questões: quais são as cartografias do ecogenocídio rural/urbano na América Latina e no Caribe? Como a poética da reexistência/suficiência afrodescendente se manifesta na região? Quais são os caminhos de reparações históricas e atuais traçados por nossos povos diante dos ataques de morte e desapropriação?

Coordenadores:
Prof. Dr. Santiago Arboleda Quiñonez
Mg. Luis Martelo


13       Democracia, Estado, participación política y afrodescendencias

A democracia deve garantir a seus cidadãos o pleno acesso aos seus direitos, independente da raça, classe, opção sexual ou religiosa. No entanto, percebe-se que as lacunas das desigualdades sociais revelam que o estado democrático de direito é seletivo e que as questões étnico-raciais são fatores determinantes na manutenção das mesmas. Por isso, movimentos sociais e feministas negros criam estratégias para ocupar espaços que fomentem uma democracia inclusiva e participativa. Desta forma, os atores podem exercer poder de participação e decisão na arena política nacional e transnacional, rumo à construção de um Estado igualitário e antirracista. Convidamos você a participar desta mesa temática para pensar juntos conceitos e práticas de democracia no que diz respeito a raça, gênero e classe. 

Coordenadores:
Profa. Denisse Brazão
Profa. Ana Carolina Assumpção Universidad de Austín, Texas

14. Preservação das culturas africanas nas Américas: memórias, saberes, lugares e tradições.

Foco nas contribuições culturais, políticas e históricas dos povos afrodescendentes na América Latina.
Promover discussões sobre a preservação das culturas africanas nas Américas, a partir de estudos que privilegiem abordagens epistemológicas inter e transdisciplinares, contra-hegemônicas e afro-referenciadas, que assumam o legado africano como pré-condição para a produção e desenvolvimento do conhecimento, é o propósito desta sessão. . Os estudos sobre o patrimônio cultural da população negra implicam na compreensão de suas práticas de vida, que sempre estiveram em conflito com a construção do projeto nacional. O reconhecimento pelo Estado da importância da cultura africana e a valorização das memórias, saberes, artesanatos, modos de fazer, festas, lugares, formas e expressões (cénicas, musicais, religiosas, outras), permitem-nos compreender melhor a história e cultura da população negra e suas estratégias de reexistência no contexto das sociedades latino-americanas e caribenhas, cuja lógica do racismo marca a formação das identidades nacionais. Espalhados pelo continente americano, os povos africanos têm preservado marcas visíveis de suas culturas para reconstrução pessoal e coletiva, afirmando seus valores civilizatórios que se adaptaram às circunstâncias territoriais, ambientais, sociais e políticas, tendo como base a tradição como fonte de conhecimento e identidade .
Coordenadores:
Prof. Dr. Otair Fernandes de Oliveira – Universidade Federal Rural de Río de Janeiro, UFRRJ/NOVA IGUAÇU
Profa. Dra. Giane Vargas Escobar – Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA/JAGUARÃO
Prof. Dr. Delton Aparecido Felipe - Universidade Estadual de Maringá, UEM.


Realización del Colóquio 28 y 29 de julho 2022

Coordinación General: Anny Ocoró Loango, Jorge Enrique García Rincón . Herney Mosquera Garcés.